Mais lições sobre nossa democracia
representativa.
Eduardo Cunha, presidente da Câmara
dos Deputados, foi o terceiro deputado mais votado pelo Rio de
Janeiro. Com 232.708 votos, ficou atrás apenas do circense Jair
Bolsonaro (muito mais engraçado que o Tiririca) e da gospel Clarissa
Garotinho, moça de família, que tiveram 464.572 e 335.061 votos, respectivamente.
Juntos, representam mais de um milhão de cariocas e fluminenses.
Eduardo Cunha aprendeu a fazer política
no antigo PDS, partido da ditadura militar, trabalhando para eleger
Eliseu Resende em Minas Gerais, em 1982. A convite de Paulo César
Farias, aquele dos escândalos do Collor, filiou-se ao PRN e assumiu
a Telerj (indicado por PC), para envolver-se naquele escândalo dos
US$ 92 milhões por favorecimento à NEC do Brasil. Nenhum problema, naquele tempo
os escândalos não davam em nada, eram logo abafados. O máximo que
lhe aconteceu foi ser destituído da Telerj a pedido de Itamar
Franco, tão logo este assumiu o país no lugar do deposto Collor.
Belo curriculum – ou melhor, bellum
curriculum.
Eleito presidente da Câmara, usa a
representação que lhe foi dada para ir à forra contra o Procurador
Geral da República, ameaçando-o de vetar sua permanência no cargo,
e até de convocá-lo para depor numa CPI. Assim mesmo,
infantilmente, quase dizendo... “me dedou, vou te ferrar!”
Ou seja, o poder que lhe foi dado para
defender o povo é usado justamente para ir contra a vontade popular,
pois é certo que todos os brasileiros gostariam, sim, de saber se
ele é ladrão, se não é, ou se fez bem feito o mal-feito.
E, pasmem, mais de duzentos mil
brasileiros votaram nele para representá-los.
Re-pre-sen-tá-los. A democracia direta vai vir um dia,
quando investirmos pesado em educação. Mas como é duro esperar.
P.S.: é óbvio que não preciso
mencionar nada sobre o presidente do Senado, Renan Calheiros.
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